Avançar para o conteúdo principal

We fight!


Este é para vocês pessoal, e é sob o efeito de álcool. A garrafa de tinto continua aqui ao meu lado. Não sei se vai sair com um português muito perfeito, mas também não faz mal, porque a maioria de vós já me viu com o português todo trocado.
Pelo menos hoje estou em casa, não é preciso ninguém vir trazer-me :D
Gaja não chora. Ou pelo menos tenta, na maior parte dos dias. E momentos como estes, de boa disposição, copos e gargalhadas, ajudam imenso. Dão para respirar bem fundo e recuperar o ânimo.
Gaja não chora. Porque faz burpees, pranchas, agachamentos, flexões… e até começou a correr. Mas tudo isso só faz sentido, só me mantem na luta, por saber que há, do outro lado da internet, mais gente na mesma luta. À distância, cada um em sua casa, mantemos a competição saudável, a picardia, os incentivos. Algumas provocações também.
Gaja não chora. Mas tem saudades (imensas) vossas. Do sofrimento em conjunto, dos gritos que se ouvem na esquina da rua, de todos os f#*%-se ditos entredentes, daquele “já estááááááá??” a moer-nos a paciência, das playlists péssimas, do chão pingado de suor, do cheiro do tatami.
Gaja não chora. Porque sabe que isto vai passar. Daqui a uns tempos, e com as devidas precauções, vamos estar todos lado a lado. Vamos andar na rua, recuperar aquilo que tínhamos antes. Viver mais despreocupados, como antes vivemos, e se calhar valorizar algumas coisas em que não tínhamos reparado.
Esta noite foi bom juntarmo-nos para rir. Há quem não saiba como rir é importante e até quem ache que estes não são tempos para andar em copos e galhofas. Mas estão errados. É mesmo de rir que precisamos. De sentir que, apesar de tudo, não perdemos a capacidade para ser felizes, para gostarmos de estar uns com os outros, para acreditar que a vida é uma coisa boa.
Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, a gaja às vezes chora. Mas o que deseja no fundo é que, por cada lágrima derramada haja pelo menos:
- 1 copo de tinto e 1 boa gargalhada. (pode ser para tempo ;))
Obrigada pelo serão! Até breve.
We fight.


ps - dado o adiantado da hora, este texto não vai ser revisto. espero que não tenha erros...

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Mudanças

  Vais ter de mudar de casa, lamento, já não cabes aqui. Empacotei as tuas coisas. Quero que saias já. Fiz a partilha sozinha porque a casa é minha. Levas as noites quentes, o meu sorriso e a televisão. Ah, e levas também os orgasmos. Metade eram falsos. Com as madrugadas fico eu. São as horas em que escrevo melhor. Também guardo o cobertor e o gato. Não precisas de confortos. A culpa, deitei fora. Não tapava nem frinchas. Pelo meio das arrumações, encontrei um bilhete, pingado de café, “compra-me tampões. SEM APLICADOR!”, com um coração no canto, a piscar o olho. Rio-me. Sobra de nós uma hemorragia inútil. Abro uma garrafa de tinto e sento-me, no chão da cozinha, a brindar aos infortúnios. Tens à porta a mala e dois caixotes. Levas o bengaleiro, detesto os casacos pendurados na entrada. E os amigos, com quais ficas? Que sejam eles a escolher. Por mim, dois ou três bastam. Não toques à campainha. Vê lá se, ao menos desta vez, trazes a chave contigo. Deitei a tua escova de

Desculpa-me

  Pedes desculpa, mais uma vez. A súplica vibra-me nos tímpanos e eu esqueço. Escancaro os braços, a vida. Esfrego os hematomas e ergo, para ti, as sombras do olhar. Regresso. Entro a porta, esquecendo-me porque saí. Puxo a miúda, rabugenta, pelo pulso. Faltam-me dois molares. Digo que uma cárie os levou. Ela minga quando te aproximas. Com os olhos baços, limpa o ranho à blusa. - Desculpa. – Dizes-lhe também a ela. Faz-se pequena, duvida. Na manhã seguinte, arranco-a da cama, cedo demais. Enfio-lhe o leite pela goela, ansiando que não faça barulho, para não te acordar. Sento-a no colo e pesa-me o embaraço. Beijo-lhe o cabelo com lábios amachucados. Deixo-a na cresce, sem tirar os óculos. Raspo uma nódoa seca da camisola. O recado da educadora flutua através de mim. Volto. Numa inspiração perversa, chamo a isto lar. Faço café. Escaldo a garganta com um gole amargo. Estremeço ao sentir a tua mão na cintura. Cheiras a dia lavado. - Vai ser diferente, agora. Quero crer-

It’s beginning to look a lot like Christmas.

  Is it? Montei a arvore. O presépio. Fiz arroz doce. Acendi as luzinhas e inspirei fundo o ar frio a ver se dezembro entrava. Não sei o que se passa com o tempo. Ou se é com o tempo que se passa. Faltam 20 dias para o Natal e eu esqueci-me da playlist pirosa e da coroa do advento. As figuras do presépio parecem-me só figuras. Comi uma rabanada que me enjoou ao ponto de prometer não comer nenhuma mais. Se calhar não é o tempo. Se calhar sou eu, que ando perdida por setembro de 2020, quando os pores do sol eram intermináveis e cria que no ano seguinte já tudo estaria bem. O ano passado aguentei o Natal esquisito, a ausência de abraços, de colos, de mesas barulhentas, de jantares com amigos, de famílias sem medos. O virar do ano tranquilo, resguardado, sem fogos de artificio e outras companhias, pareceu-me um bom augúrio para o que viria em 2021. Mas este ano está difícil. Não me saem da cabeça as palavras à mesa do dia 1 “tenho a sensação que 2020 vai ser um ano extraordinário