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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2020

Bom dia alegria!

Tenho dois vícios: café e exercício físico.  Por estes dias, estou a tentar controlar o primeiro (isto de ter a cafeteira sempre à mão é um descontrole), e reduzir o menos possível o segundo. Ontem, depois de 10 minutos de abdominais, sem pausa, fiquei muito melhor. O que confirma a teoria de que o exercício físico liberta aquelas cenas todas que fazem o nosso corpinho ficar feliz. Dorido, mas feliz. Depois do treino liguei às minhas Marias e consegui rir com vontade e fazê-las rir até às lágrimas. As horas do dia que sobravam foram bem passadas, tranquilas, com boa disposição. Hoje pus o despertador para mais cedo e fui dar uma corrida. O céu estava carregado, chuviscava um bocadinho, as ruas estavam desertas e cheirava a terra molhada. Pus a musica alto e corri e cantei e não pensei em mais nada. Depois das devidas limpezas e desinfeções, enchi uma caneca de café e sentei-me para começar a trabalhar. Com um sorriso. Já o encontrei J (ainda dizem que os vícios não
Hoje acordei sem vontade. Apetecia-me puxar o edredão para cima da cabeça e continuar a dormir na esperança de tudo isto não passar de um pesadelo. Estou cinzenta, como o dia. Com o humor frio, como a temperatura lá fora e cá em casa pois recuso-me a ligar aquecedores e dizer ao inverno que pode voltar. No decorrer das horas tenho mergulhado no meu interior a ver se descubro onde é que se escondeu o otimismo. E é em vão que olho o espelho à procura de um sorriso. Passaram 36 dias desde a última vez que vi a minha filha. E os meus pais e o meu irmão. A falta de ilusões diz-me que passarão ainda muitos, muitos mais. Essa certeza de que a saudade se vai prolongar assim por muito tempo está a roubar-me o ânimo. Bem sei que cada dia que passa é menos um que falta, mas neste momento cada vez os dias parecem mais. Cada vez os dados nos dizem que serão mais e eu não estou a conseguir ver a luzinha lá ao fundo. Sou uma pessoa de Fé e nos últimos dias abateu-me a tristeza que s

Confinamento não são férias

A minha cara-metade joga golfe. O golfe é, como se sabe, um desporto individual jogado num relvado com centenas de metros quadrados entre buracos, em que cada praticante usa o seu próprio material, sem necessidade de interagir com ninguém. Mesmo os poucos instrumentos que partilham e os balneários, lojas e restaurantes de apoio, são facilmente suprimidos, sem por em causa a possibilidade de jogar. Ainda assim, os clubes fecharam. E bem. Aquelas horas passadas no campo de golfe deixavam o meu marido feliz e descontraído. A mim, consequentemente, também. Só que isto vai um bocadinho mais longe do que estes nossos pequenos prazeres. Isto para dizer que, apesar de ser fim de semana e estar um dia bonito NÃO VÃO FAZER PASSEIOS DE FAMÍLIA PARA A BEIRA-MAR. OU PARA O PARQUE. FIQUEM EM CASA! Acredito que apeteça imenso um fino com tremoços na esplanada, mas nem sequer há esplanadas. Vão antes até à varanda e façam um brinde com o vizinho de baixo. Eh pá, e já agora, aproveitar o

Catadupas de informação

A semana acabou difícil. Sexta-feira foi dia de ir trabalhar ao vivo e a cores e isso provoca-me um desgaste enorme porque não consigo, nem por 5 minutos, deixar de pensar na carga viral que poderá ter quem se aproxima de mim. Agravou a situação o facto de que o meu computador não estava a funcionar e portanto, o meu posto de trabalho que eu desinfeto escrupulosamente assim que chego e a sala que arejo, foi ocupado, à vez, por outras pessoas que tentavam resolver o problema. Cheguei às 8h50. O computador ficou operacional às 16h30. Às 16h45 vieram avisar que tínhamos de sair até às 17h00 porque iam fechar o edifício. Das 7 horas que lá estive gastei cerca de 3 a desinfetar-me e a desinfetar a sala, secretária, teclado, rato, telefone, etc., meia hora a falar com o chefe, cerca de 10 minutos em reunião  online  e as restantes a olhar para o balão. Em casa tenho conseguido trabalhar o dia inteiro, concentrada, sem interrupções, com um computador que, não obstante a idade, funciona.

À vossa!

Ontem, dizia-me um amigo que está a guardar a última lima que tem para uma caipiroska. Eu também faço a minha parte - vigio com atenção o meu  stock  de garrafas de vinho tinto, para que, durante este período de isolamento, não venha a haver nenhum sábado sem pelo menos um copo. Brindado, fotografado, partilhado - Levantar o copo e levantar o ânimo. O meu e o de quem quiser brindar comigo. Aqueles que não são adeptos do álcool, permitam-se outros prazeres: comam chocolates, panquecas com nutela, bolos com chantilly (mas não é todos os dias, senão, a menos que tenham uma genética  incrível , acabam a quarentena a rebolar), vejam desenhos animados, filmes pirosos, cantem alto e dancem, saltem à corda na sala (cuidado com os candeeiros), esmurrem almofadas, batam palmas enquanto caminham, partilhem anedotas, seja o que for que vos dê gozo, mas riam-se. Façam da alegria uma meta a atingir e invistam a sério nessa tarefa com alguma regularidade. Não é menosprezar preocupações. T

Living on a prayer

“Aos nossos bisavós pediram para ir para a guerra. A nós apenas nos pedem para ficar em casa.”   - foi uma frase que ouvi . Sim, a nós só é pedido que fiquemos em casa. Mas é muito mais do que isso, não é? Pedem-nos para não fazer inúmeras coisas que nos dão prazer como jantar fora, ir ao cinema, ao shopping, a um museu, ao ginásio. Pedem-nos para termos calma, sermos respeitadores e ordeiros. Pedem a muitos que fechem o seu negócio. Pedem-nos para não viajar de avião, nem de comboio, nem de carro – só uma voltinha de bicicleta e pertinho de casa. Mas mais do que isso, e que penso que será o que mais nos pesa, pedem-nos para evitar os contactos sociais. Para não visitarmos aqueles de quem mais gostamos e por quem mais tememos. Para não ir dar aquele abraço de que tão desesperadamente precisamos. Para não irrompermos pela casa dos nossos pais a dentro, em lágrimas, a pedir colo. Pedem que não vamos dar colo aos jovens adultos, nossos filhos, que ficaram do outro lado desta ba

Cisnes em Veneza e gaivotas em Espinho

Dizia-se que há cisnes e golfinhos nos canais de Veneza, devido ao decréscimo de poluição. Afinal o poligrafo veio desmentir. Ainda assim, fica a ideia. Fui caminhar um pouco de manhã, antes de começar o teletrabalho. Está uma manhã de céu limpo, sem névoa e vê-se toda a costa para norte, até aos guindastes do Porto de Leixões. Eu, que até sou moura, fico enternecida a olhar os recortes desta linha de praias que me adotou. Está maré vaza e as gaivotas, alheias ao que as rodeia, chapinham nas poças, entre as rochas, à procura de pequeno-almoço. Talvez não haja cisnes em Veneza, mas a realidade mostra-nos como, nalgumas semanas de redução da nossa atividade, o planeta começou a respirar muito melhor. Nós somos obrigados a abrandar e a natureza, que anda por cá há muito mais milhões de anos que nós, ganha lufadas de vida. Isto dá que pensar. Até para os mais céticos, fica a ideia. Dificilmente um Trump ou um Bolsonaro podem vir argumentar contra esta evidência: nós tratamos mu

Isolamento forçado

O Miguel está a adorar este isolamento forçado. O Miguel está a adorar ter toda a gente em casa, com ele. O Miguel é um gato. O Miguel não sabe o que é pandemia ou Covid-19. As grandes preocupações do Miguel são ter ração na tigela a toda a hora e ter quem lhe faça festas. O Miguel, obviamente, não sabe o que se passa à sua volta. Agora, as pessoas que dizem - quaisquer que sejam os motivos que apregoam - que estão a adorar a "quarentena", são ESTÚPIDAS.

Hoje não fico em casa

Hoje é dia de ir trabalhar. Não de teletrabalhar, não hoje vou fisicamente para o meu local de trabalho. Estamos em sistema rotativo, portanto, de 4 em 4 dias cada um de nós vai. "Porquê?" perguntam vocês. Pois, também não sei. Parece que Governo decretou (parênteses - eu não sou jurista, não faço ideia se decretar é o termo certo, ok? escrevi "decretou" porque me soou mais solene do que escrever que o Governo anda a "dizer coisas"), que os funcionários públicos que têm condições para trabalhar a partir se casa devem fazê-lo (e olhem, de acordo com alguns juristas, este "devem" vem de "dever"). Ora bem, aparentemente, esta semana, eu tenho condições para teletrabalhar na terça, quarta e quinta. Hoje e sexta não. Será isso? Enfim, acho que esta situação me deixou um bocado ansiosa porque às 6.47 - plink! - abri a pestana, pronta para começar o dia. E não havia necessidade pois duas boas razões que me diziam que não ia apanhar trânsi

O regresso

  Era o ano de 2004 ou 2005, tempo em que as pessoas ainda não eram felizes para sempre quando se conheciam na internet.  Depois de algumas cabeçadas (literais e figuradas),  depois de concluir que estava na hora de me deixar de merdas e de lágrimas e  depois de mandar estampar numa t-shirt essa que foi uma das decisões mais sábias da minha vida (ainda que ligeiramente ilusória),  achei que talvez fosse boa ideia começar a escrever.  E foi assim que nasceu o blogue cor-de-rosa para onde fui despejando os meus pensamentos, para gáudio de uns, indignação de outros, e que levou a outras histórias que talvez um dia venha aqui a contar. Entretanto, por várias razões que não importam, até porque quase todas são apenas desculpas, o blogue foi encerrado. Até há dois dias atrás. Há dois dias atrás chorei. E chorei muito. Chorei tanto que à noite pensei que ia ter um ataque de pânico. Chorei tanto que soube que precisava de uma t-shirt que fisicamente não posso ter, e que a gaja qu