(Às queridas Cinderelas que (ainda) sonham
com o Príncipe)
A Cinderela voltou para casa, abóbora no colo,
vestido azul, passava muito da meia-noite. Não perdeu um sapatinho, mas
descalçou as sandálias cujos saltos de agulha lhe garantiam os dez centímetros
que lhe faltavam em
pernas. Caminhou descalça e não houve príncipe nenhum a
enfiar-lhe a sandália no pé. Pobre Cinderela!
- O meu nome é Pedro, e o teu qual é? - Ela
corou um pouquinho e respondeu baixinho - Sou a Cinderela - mas quando a noite
o envolveu, ele não sonhou com ela.
Então, bate, bate coração.
A Cinderela brindou a tudo o que havia a brindar
nessa noite. Uma noite de sonho, um conto de princesas em que o príncipe não
apareceu. Mas os ratinhos, sim. Estavam lá todos! E a Cinderela esvoaçou feliz,
no seu fantástico vestido azul.
E num desses momentos, em que os sentimentos
falam por si, ele não pegou na mão dela, mas sabes, Cinderela, a vida é assim.
Então, bate, bate coração.
A Cinderela estende-se na cama, as sandálias
no chão e o vestido azul amarrotado, com as alças a descair.
Revê as gargalhadas, as danças, todos os momentos despreocupados em que não pensou se estava a comportar-se à altura, se era suficientemente bonita, se correspondia às expectativas de alguém. Olha pela janela e sorri.
Afinal, não precisa de nenhum príncipe para lhe dar um baile 😊
Afinal, não precisa de nenhum príncipe para lhe dar um baile 😊
Comentários
Enviar um comentário