Há uns anos (muitos), quando eu era mais jovem e, com tal, achava que sabia imensas coisas, na sequência de uma conversa com um amigo, escrevi um post intitulado “A metáfora da pastilha elástica”. Dizia, mais ou menos, assim:
Era uma vez uma pessoa (o
sexo é irrelevante) que adorava chicletes. Era assim uma adoração tão grande
que roçava o vício, pois na realidade já não sabia viver elas. Metia uma
chiclete na boca, mastigava, saboreava e quando se fartava deitava fora e
passava para outra.
A durabilidade de uma pastilha é muito reduzida.
Acho mesmo que é um excelente ícone do produto descartável - não chega sequer a
ser ingerida, é mascar e deitar fora.
Quem gosta de chicletes entende bem o prazer da primeira trinca, aqueles
instantes em que a boca se delícia, saboreia. Quando o sabor se desvanece, o
que acontece demasiado depressa, torna-se numa coisa insí
O mercado tem uma oferta variada de chicletes.
Dependendo dos gostos, há-as mais picantes, mais doces, frutadas, de diferentes
cores, tamanhos e consistências. Acresce que são de consumo legal, socialmente
aceite, pouco dispendiosas e fáceis de adquirir.
São facilmente substituídas
e, sobretudo em versão sem açúcar, não prejudicam a saúde.
Come, deita fora, come outra, sem perder sequer
tempo a sentir falta da anterior. Quem as consome por hábito dificilmente passa
sem elas.
Se por azar pisamos uma
pastilha que já comemos e deitámos fora ela cola-se a nós de forma irritante e
persistente. Deprimente. Há, portanto, que ter algum cuidado na hora de deitar
fora.
Na altura, o meu amigo tinha afirmado que os relacionamentos deviam ser tipo
pastilha elástica, o que me levou a esta triste analogia.
Passados tantos anos, concluo que, apesar da tenra idade,
já sabia de facto algumas coisas. É que, em conversas recentes dei por mim a recordar
este post e, depois de reler/rescrever, sem grande surpresa, verifico
que continua a fazer sentido.
Comentários
Enviar um comentário