Às vezes não é preciso perceber o que entristece uma pessoa. Às vezes, nem o próprio consegue explicar. E às vezes, sim, às vezes, nem sequer há uma razão que justifique.
Não é preciso um motivo entendível para alguém se sentir triste, perdido, destituído de sentido que o guie, com as forças no limite e sem vontade de ir procurá-las.
Não
é preciso alguém para descortinar os motivos, para encontrar soluções, para
traçar planos.
Às
vezes só é preciso empatia. Estar presente, mesmo que em silêncio. Deixar a mão
à distância certa para ser agarrada. Às vezes, só um pequeno toque de pele, no
momento certo, a assegurar a presença.
Às
vezes, do outro lado do telemóvel, alguém acorda, lembra-se de nós e diz “Olá,
estou aqui. E tu, como estás?” e depois está disponível para ouvir a resposta.
Para gastar tempo, para ter tempo.
E,
às vezes isso chega. Outras vezes não.
Às
vezes basta dizer “Não estás sozinha. Nunca estás sozinha, eu estou aqui. Puxa pela
fita, aperta o nó, eu estou na outra ponta”.
Outras
vezes nada basta. Ninguém basta. Mas acredito que, no íntimo, resiste aquela
certeza de que nunca, mas nunca, mas nunca, estamos sós.
Eu…
estou aqui. Nós… estamos aqui. Todas as vezes.
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