Avançar para o conteúdo principal

(ainda) machismo

 

Não tenho nada contra homens, a sério que não. Até há alguns de quem gosto bastante. Não serão imensos, mas isso tem mais a ver com a espécie do que com o género.

Dito isto, e correndo o risco de ser acusada de generalizações, é com tristeza que continuo a assistir a comportamento
s machistas, misóginos, prepotentes, trazendo ao de cimo o “macho latino” que, se entre alguns (ou algumas) pode parecer atraente, para a maioria de nós, mulheres, e sobretudo em contexto laboral, é apenas repugnante.

Começo a acreditar que há muita confusão nessas cabecinhas e que há vários pontos que interessa clarificar:

1 – Elogiar o aspeto físico e/ou dizer galanteios não vai produzir qualquer efeito no desempenho profissional da mulher, nem fornecer caráter prioritário aos vossos assuntos que ela tenha em mãos. É patético que o tentem;

2 – Enviar mensagens, e-mails, ou telefonemas com linguagem grosseira não funciona como pressão, apenas fomenta que sejam ignorados;

3 – Ser educado, prestável e/ou atento, não é sinónimo de flirt, quer apenas dizer que os pais fizeram um bom trabalho;

4 – Comentários jocosos sexistas não têm graça, independentemente do contexto e de quem os profere. Apenas conferem ao homem um ar troglodita que não, não é sedutor.

5 – Menosprezar as competências de alguém com base no género é um erro crasso e, frequentemente, paga-se caro;

6 – Por último, se um homem acredita que quando levanta a voz fala mais alto que uma mulher, é porque se esqueceu do berro que a mãe lhe dava que o fazia cair de cu.

Pronto, era isto.

Bom fim-de-semana

Comentários

Mensagens populares deste blogue

It’s beginning to look a lot like Christmas.

  Is it? Montei a arvore. O presépio. Fiz arroz doce. Acendi as luzinhas e inspirei fundo o ar frio a ver se dezembro entrava. Não sei o que se passa com o tempo. Ou se é com o tempo que se passa. Faltam 20 dias para o Natal e eu esqueci-me da playlist pirosa e da coroa do advento. As figuras do presépio parecem-me só figuras. Comi uma rabanada que me enjoou ao ponto de prometer não comer nenhuma mais. Se calhar não é o tempo. Se calhar sou eu, que ando perdida por setembro de 2020, quando os pores do sol eram intermináveis e cria que no ano seguinte já tudo estaria bem. O ano passado aguentei o Natal esquisito, a ausência de abraços, de colos, de mesas barulhentas, de jantares com amigos, de famílias sem medos. O virar do ano tranquilo, resguardado, sem fogos de artificio e outras companhias, pareceu-me um bom augúrio para o que viria em 2021. Mas este ano está difícil. Não me saem da cabeça as palavras à mesa do dia 1 “tenho a sensação que 2020 vai ser um ano extraordin...

As meninas vão para a escola

  A natureza prossegue, indiferente. Todos os anos, quando começa setembro, daquela terra adormecida e inóspita, um caule verde, comprido, fura o seu caminho que culmina numa flor de campânula cor-de-rosa. Ensinaram-nos, na ilha Terceira, depois de cavarmos com as mãos os bolbos, à beira da estrada, que se chamam "meninas-vão-para-a-escola" por florirem sempre nesta altura do ano. Passaram 22 anos desde que ouvimos essa história. No dia 1 de setembro de 2004, quando foi cercada a escola de Beslan, na Rússia, que resultou na morte de mais de 330 pessoas, entre as quais 186 crianças que regressavam à escola, o vaso também floriu. Nesse ano, passou a ter por companhia um anjo branco a lembrar os meninos que em mais nenhum setembro voltariam à escola. Este ano, em todo o mundo, o regresso à escola é diferente. As meninas-vão-para-a-escola e os meninos também, porque tem de ser. Para bem deles, dos pais, dos professores, da economia. Com mais receios ou menos, com a angústia mai...

Virada do avesso

  Às vezes o dia vira-me do avesso. Ou as pessoas. Ou o tempo. Às vezes é porque está sol e vento. Ou chuva e frio. Ou porque anoitece demasiado cedo. Ou porque as horas não me chegam. Ou porque o tempo não passa. Fico indecisa se me apetece gritar ou afundar-me no sofá debaixo de um cobertor. Tenho uma vontade imensa de comer porcarias. Não como para não me irritar ainda mais com a balança. Bebo café demais. Fico elétrica para vencer a letargia. Quero praia, mas seria incapaz de tirar a roupa para mergulhar. Tudo me irrita. Sei que fico difícil de aturar. Como quando tenho sono ou fome. Sei que quando estou assim, acaba por levar quem não tem culpa. E, por esse motivo, os anos ensinaram-me a tentar ficar calada. Teclo respostas azedas a e-mails estúpidos. Apago e rescrevo, com secura diplomática. Ignoro mensagens e chamadas. Se não querem uma resposta torta, não falem comigo. Desculpem lá, mas “jogo de cintura” não faz o meu género. Nem gente com a mania de que é don...