Abre-se a mão, trémula,
os dedos, num frémito, a perder a força com
que agarravam.
Um gesto que se diz libertador,
dissimulando resignação perante a perda.
A mão quente e macia
que moldava a massa informe dos teus desejos,
aconchegados num ventre protetor.
Abre-se, percorrida por um estertor, uma
agonia,
os dedos frios a deixar escorregar pedaços
amolgados de sonhos.
E fecha-se, a mão, vazia,
marcada por todas as coisas que podia,
mas não gerou
e pelas promessas da pele percorrida e
vencida.
Gravadas na linha da vida,
as dores que a calejaram,
que fizeram áspera a cama outrora macia.
De o todo o querer se libertou.
Fechada sobre si mesma, segura e protegida,
guarda na palma o leve roçagar de um beijo
e abandona à sua sorte a boca que ali o deixou.
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