Hoje o dia começou de forma diferente. Estava nervosíssima. Nunca tinha feito nada semelhante e estava nervosa. Levantei-me cedo, tomei pequeno-almoço rápido, fui levar a Ritinha aos vizinhos para não fazer barulho e sentei-me na sala, caderno de apontamentos aberto, garrafa de água, experimentando a luz. Convidaram-me para gravar um pequeno programa sobre o machismo. E eu, a escrever nado em águas que conheço. Já a falar, tenho receio de perder o pé. O meu maior receio era ficar, subitamente, sem nada para dizer e instalar-se um silêncio incómodo, comigo especada a olhar para a câmara e as minhas interlocutoras, embaraçadas, a pensar na argolada em que se tinham metido quando acharam que era uma boa ideia darem-me esta oportunidade. Afinal, nada disso aconteceu. Mais tempo houvesse e mais teríamos conversado porque, afinal, nós mulheres, somos parecidas. Temos dores parecidas. E precisamos de falar sobre elas. E precisamos de ouvir sobre elas. Séculos de história, e de ...
a história de uma t-shirt, em tempos de quarentena