De que falam quando, sentada, sozinha num quarto, escuto uma música triste? Que palavras se afogam em rios de silêncios feitos de notas musicais? Há sempre tanto que fica por dizer. Ou por vergonha, ou por não saber articular, ou para poupar os outros às misérias do meu sofrimento. E então não falam. As saudades. É mais fácil para mim e não constranjo os demais. Mas calá-las não quer dizer não as sentir, pois não? - Sê coerente – digo para o vazio. Gaja não chora. Para onde te foram as ganas de independência? És tão independente como o gato no telhado. Queres percorrer horizontes, mas, quando arrefece, voltas a casa ronronando, à espera da malga cheia e de festas na barriga. Quem te vê, menina, quem te ouve. Pois não és tu que gostas de solidão? De quartos vazios, de praias desertas? Não és tu que foges a abraços prolongados, que disfarças para fugir a um beijo? Mas também és tu que saltas da cama meia hora antes do despertador para não a deixares sair sem l...
a história de uma t-shirt, em tempos de quarentena