Estão sentadas nos degraus das traseiras, com o olhar fixo no pneu que pende do ramo do enorme carvalho. Sob aquela copa, na modorra de uma tarde de verão, quando até os mosquitos voavam sonolentos, Rita, Ana e Marta selaram uma promessa. Fora no dia seguinte à morte da menina Laurinha costureira. A menina Laurinha costureira não tinha a idade das pessoas que morriam, teria ainda muitos anos por gastar. Então, com a convicção dos seus oito anos, prometeram que iriam morrer as três muito velhinhas, já com a vida toda gasta. Não sabiam, nessa altura, como são efémeras as palavras que se dizem com os joelhos esfolados e os vestidos a encurtar no fim da estação. O pneu ressequido perdeu protagonismo nas brincadeiras e os livros e diários conquistaram o lugar na sombra. Fumaram o primeiro cigarro, roubado por Rita, a temerária, à gaveta da cozinha da avó. “Os cigarros fazem mal” avisou Ana, a sensata, mas entre tosse e gargalhadas, também experimentou. Com as costas apoiadas n...
a história de uma t-shirt, em tempos de quarentena