“A produção da pérola pela ostra nada mais é do que um mecanismo de defesa do animal, quando ocorre a penetração de corpos estranhos entre a concha e o manto.” O menino enrola o corpo sobre o ursinho e eu, numa voz que arranha a garganta, digo-lhe que lá, para onde vai, o céu tem cor de rebuçado e as nuvens são tão fofas que parecem pular. Afago-lhe o cabelo escuro e ele encolhe-se. Embalado pela cadência das ondas, murmura para o peluche, numa língua que só os dois conhecem. Tem no rosto o sal de muitas lágrimas. O urso responde-lhe, pois outro préstimo não tem. É uma criança e devia ser feliz. Não foi para a felicidade que deus inventou as crianças? Que ironias são estas? Que crianças, de que deuses? O negrume do céu funde-se no oceano trágico. O brilho das estrelas é uma paródia neste lugar inóspito onde os mergulhos se revestem de poética macabra. Nas latitudes onde a corrente é opaca e gélida, homens morrem de sede, rodeados de água. Se vencida a noite, vem o sol, nu
Gaja... não chora!!
a história de uma t-shirt, em tempos de quarentena